Veja como decisões políticas dos EUA afetam a vida no planeta

  • 03/11/2025
(Foto: Reprodução)
Veja como decisões políticas dos EUA afetam a vida no planeta O Jornal Nacional começa a exibir nesta segunda-feira (3) uma nova série de reportagens especiais sobre a crise do clima. São cinco episódios. No primeiro deles, você vai ver que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu que não vai participar e não vai mandar representantes para a COP30, em Belém. O Felipe Santana mostra como as omissões da maior potência do planeta fragilizam o combate às emergências climáticas. Por quanto tempo você procuraria pela sua filha? Como você se sentiria ao ver seus amigos com um bote inflável no rio com um cão farejador todo dia, por mais de três meses? “Nós queremos pelo menos dar para a família um pouco de paz”, diz um voluntário. “Nós somos os pais de Cile Steward. Minha filha está desaparecida. Nossa família vive em uma câmara de tortura de incerteza. Não podemos honrar a curta vida dela até que ela seja encontrada e posta para descansar”, diz Cici Steward, mãe da Cile. A Cile tinha 8 anos de idade. Ela era uma das 750 meninas que estavam passando o verão em uma colônia de férias que fica bem ao lado do rio. As águas lá são muito calmas, parecem um lago. Por isso, há anos essas meninas iam para lá para aproveitar a época quente do ano com atividades o dia todo. Era 4 de julho de 2025. O principal feriado nos Estados Unidos. Mas os fogos de artifício não pintaram o céu do Texas. Às 22h começou o dilúvio, e o rio subiu 10 metros em uma hora. As meninas da colônia de férias não tiveram tempo de fugir; 25 meninas morreram. E toda uma pequena vila turística acabou devastada. Em audiências públicas, a cidade ainda tenta entender o que aconteceu. “Meu marido abriu a porta e o rio entrou na nossa casa e levou tudo", conta uma moradora. "O rio que nós amávamos tanto matou os meus pais. Nós não recebemos avisos", diz outra. "Nós precisamos de um sistema de alerta de enchentes”, afirma um morador. As pessoas não receberam mensagens. Não havia sirenes. O governo federal demitiu centenas de meteorologistas em 2025, que são os responsáveis por prever essas catástrofes e mandar mensagens, avisar a população. Hoje, as cruzes na beira do rio são o memorial de uma cidade pequena que perdeu 119 pessoas na enchente. O Márcio Giacomoni mora na região há uma década. Ele estava na beira do rio no dia 4 de julho. Ele é cientista, estuda exatamente os rios do Texas. “As mudanças climáticas, sim, estão contribuindo para o aumento da frequência e da intensidade dessas inundações”, afirma Márcio Giacomoni, professor de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade do Texas. Veja como decisões políticas dos EUA afetam a vida no planeta Jornal Nacional/ Reprodução Para cada grau de aquecimento, são 7% a mais de água que o ar quente absorve. Logo, 7% a mais de chuva. E é ciência básica: dois copos de água. Em um deles, a gente encheu com água fria da torneira. E o outro, com água quente. Colocamos dois pedaços de vidro em cima de cada copo. O copo com água fria resfria o ar e nada acontece. Agora, o copo com água quente esquenta o ar, que retém mais umidade. Quando a umidade toca no vidro, se transforma em água outra vez, como se fosse chuva. Ou seja, quando o ar está mais quente, chove mais. Esse é o efeito do aquecimento da Terra no calor do Texas. Mas ele pode ser sentido de uma maneira totalmente diferente em outra parte do mundo: no frio do Alasca - onde os alces e os ursos estão por todo lado. Esse lugar é ainda mais do que um dos mais bonitos que a gente já viu na vida. Esse também é o lago mais importante para as pessoas que vivem no Alasca. Toda a energia hidrelétrica que a maior cidade de lá consome sai de lá. A água que eles bebem também sai de lá. Olhando, parece um lago saudável, cheio. Mas ele só está tão cheio porque ele é formado por gelo derretido. E, há pelo menos 20 anos, a geleira que o abastece vem dando sinais de que não está bem. O que colocou mais uma região tão remota e pacífica do mundo em estado de alerta. O lago Eklutna é um reservatório de água formado pelo derretimento da geleira de mesmo nome, que fica logo acima, na montanha. O professor Jason Geck é o único pesquisador lá que faz o trabalho de formiguinha de ir no topo da geleira todos os anos para medir a camada de gelo. “Eu estudo especificamente essa geleira. Levo meus estudantes lá em cima todos os anos. A gente cava um buraco e coloca uma vara para medir a camada de gelo. E a gente descobriu que, nos últimos 15 anos, a camada de gelo vem diminuindo”, afirma Jason Geck, professor de Ciências Ambientais da Alaska Pacific University. É um trabalho difícil e caro. Tem que alugar helicóptero para ir até lá. Mas, a partir de 2025, ele não sabe se vai continuar a fazer a pesquisa. “O governo não está dando mais dinheiro se a pesquisa é sobre mudanças climáticas e querem eliminar dados da internet”, diz Jason Geck. Alasca Jornal Nacional/ Reprodução Se a pesquisa tem as palavras "mudanças climáticas", não recebe financiamento do governo federal para ser feita porque o presidente americano acredita que as mudanças climáticas são uma farsa. O trabalho de formiguinha de saber a velocidade do derretimento da geleira pode não ser mais feito. Esses dados coletados no Alasca abastecem cientistas do mundo todo. A ausência dos Estados Unidos na Conferência do Clima em Belém é só a ponta do iceberg de uma transformação muito maior no papel da maior economia do mundo na preservação da vida no planeta. “O único motivo que eu posso pensar sobre isso é que, se você não tem dados sobre as mudanças climáticas, elas não existem”, diz Jason Geck. E o país deixa os mais vulneráveis ainda mais vulneráveis. “Centenas de crianças sobreviveram e vão lidar com isso para o resto da vida delas”, afirma Cici Steward. “Tudo o que eu lembro é de acordar às 4h e ouvir trovões e gritos das outras crianças. Eu só comecei a rezar pedindo a Deus que me explicasse o que estava acontecendo”, conta Braden Davis, sobrevivente. “Eu tenho filhos e me preocupo com o que vai acontecer no futuro. A geleira deve desaparecer nos próximos 75 anos. É o nosso reservatório de água e de energia elétrica. É um problema com o qual meus filhos vão ter que lidar”, afirma o cientista Jason Geck. As buscas seguem pela pequena Cile, que nos lembra de que o preço de brincar com a vida pode ser muito alto. “Por favor, não parem de procurar pela Cile. Por favor, não desistam da nossa menina”, diz Cici Steward. LEIA TAMBÉM Série especial do JN mostra iniciativas de recuperação dos biomas do Brasil Conheça produtores brasileiros que ‘plantam água’ no Centro-Oeste para proteger fauna e flora do Cerrado Conheça projetos que levam dinheiro, educação e futuro para a Amazônia Sertanejos mostram que é possível restaurar a terra devastada e conviver de forma sustentável com o semiárido

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/jn-na-cop30/noticia/2025/11/03/veja-como-decisoes-politicas-dos-eua-afetam-a-vida-no-planeta.ghtml


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